Campeã Mel Brogni: skate é ferramenta de expressão

Urbana e carregada de adrenalina, a modalidade downhill é uma das raízes do skateboard e, como o próprio nome sugere, envolve a prática de descer ladeiras se equilibrando sobre o skate. Neste cenário do street brilha uma nova estrela. Melissa Brogni – mais conhecida por Mel – conquistou neste ano o título de Campeã Brasileira de Downhill e, aos 20 anos, já coleciona títulos no esporte que pratica desde a infância.

“Meu primeiro contato com o skate aconteceu muito cedo, aos quatro anos. Mas o downhill eu conheci no final de 2012, influenciada por amigos do meu bairro que praticavam e também através de vídeos do Youtube. Já em 2013, no meu primeiro ano de competição, me consagrei campeã mundial e sul-americana”, conta a atleta, que é natural de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

Caracterizado por seus praticantes como um estilo de vida, o skate é para Mel uma válvula para levá-la além, fazer bem e proporcionar crescimento. Segundo ela, como todo esporte, oferece ensinamentos que valem para tudo, especialmente a disciplina. “O skate é minha ferramenta de expressão. É como a câmera para um fotógrafo, ou o pincel para um artista”, pontua.

Preconceito zero

Originário da Califórnia, nos Estados Unidos, o skate tem presença muito forte nos centros urbanos e, apesar da crescente aderência de meninas e mulheres, a grande maioria dos praticantes é do público masculino. Mas Mel nunca enfrentou problemas por isso.

“Nunca senti ou soube de qualquer tipo de preconceito de gênero na cena do downhill. Os meninos nos respeitam. O que acontece é que por ter um número menor de praticantes, acabamos recebendo prêmios muito menores que os meninos”, relata. Segundo a jovem, algumas companheiras já pararam com o esporte ao longo de sua jornada, mas muitas novatas estão aparecendo: “aos poucos, o time feminino vai crescendo”.

Estilo e personalidade

Quem visita o perfil da Mel no Instagram faz um mergulho no universo dos skatistas. Com muita atitude, ela personifica o estilo desta tribo de características bem pontuais, que influenciam também os looks de quem não pratica o esporte.

As roupas despojadas prezam pelo conforto, com peças mais amplas e tênis descolados. Estampas divertidas também são vistas no visual irreverente. Próprias para o cotidiano das grandes cidades, as produções são versáteis e práticas, tanto para um passeio, quanto para as manobras sobre rodas.

O sonho das Olimpíadas

Inseparável de seu esporte, a gaúcha tem grandes metas na relação entre seu futuro e o downhill. “Quando projeto os próximos anos, me vejo sempre ligada ao skate. Eu acredito que o downhill vai virar uma modalidade olímpica e eu espero participar do início dessa transição, dessa evolução do esporte. Fazer parte da primeira seleção brasileira de downhill é meu sonho”.

Mas se hoje há essa certeza, é porque no passado Mel teve a prova de que não poderia se afastar. “Já houve um momento em que questionei se queria manter o skate na minha vida. Foi quando um amigo meu se acidentou. Eu perdi a vontade de andar por um tempo, mas logo essa vontade voltou. Eu já conheci grande parte do mundo por conta do skate e já fiz muitos amigos envolvidos com ele também. Então não é somente a adrenalina que o esporte me proporciona, mas também qualidade de vida e crescimento. Está em mim, no meu sangue”.


Texto: Camila Veiga/Especial 

Ilustrações: Thaís Fioravante (@seiren_artist) - Imagens: Reprodução (@melbrogni)